Cotidiano
 Pode-se dizer que a vida é um paraíso com armadilhas portáteis?
 E que conquistas afetivas, atualmente, estão mudando de portador?
Tudo como um clic. Prático, cheio de rótulos, setas, apitos.
Dar-se tudo como Érico Veríssimo descreve em um dos contos: De uma dança pedida passa-se toda uma vida- Beijitos, Núpcias, Colégio dos filhos, Netos, Infarto - "Nossa que música boa. Dançar novamente?" "Não!Dá ultima vez que se dançou parou-se aqui!"
E as pausas? Tem como ter pausas?
Dentro do transporte olha da janela os banhos dos gatos, o casal apressado, a mãe sonolenta, o sol oscilante, o desenho que a poeira formou.
 Ouve-se a música mais tocada, ri da letra e acaba lembrando de outra. Cantarola. Esquece parte da letra e acaba lembrando de um trecho do livro aposentado na instante. O que acontecia naquele tempo em que o livro veio parar em mãos?
De lá pra cá quantos sonhos foram palpáveis?
Talvez lamente o sonho desistido.
Talvez se perceba que o tempo não determina limites para conquistas.
Talvez sinta a paz que o dito presente traz.
Quando não, sentenciamos que a nossa doença é a doença do mundo: De negar vida vivida antes da morte e importância das cenas diárias.
A  lembrança de frases impulsivas com som doce. A dúvida leve se o dia amanhece ou esclarece. A criança que dentro habita.
"Para o melhor caminho, além dos gestos, usemos a palavra para tudo. Para amar, para construir respeito, para confiar, para garantir. A palavra erige castelos, provoca imagens, edifica sonhos. Sustenta-os. A palavra é a película corriqueira que narra e produz o nosso cinema diário."
Porque,na verdade, o tempo pode ser um lugar onde podemos ir ou voltar. Neste espaço oco e ilimitado que teima-se por arrediar, pode-se criar fortes laços, "pode-se nunca mais acabar a conversa entre laços que também são eternos. Afinal, para isso nasceu a palavra, para fundar os acordos, fixar códigos, para valer os combinados, para não morrer de desentendimentos. Ela é construtora da paz."
É preciso cuidado para que a gente não siga analfabeto de sentidos e sentimentos, temendo ou desconhecendo as emoções humanas porque, nessa corrida cega, pode-se perder a noção daquilo que realmente importa. Aprendamos pois, com as crianças que são professoras das estreias- Sejamos. O medo se opõem ao amor, apesar de usá-lo como desculpa. Amemos. Vamos trazer o amor ao batido dia de segunda. Arriscar acordar e procurar a janela. Porque a luz nasce à nossa procura.

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2 comentários:

  1. Magnífico texto, Gabi.
    Motivador, mas não utópico.
    Parabéns, flor!!!!!

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  2. "Quando não, sentenciamos que a nossa doença é a doença do mundo: De negar vida vivida antes da morte e importância das cenas diárias.
    A lembrança de frases impulsivas com som doce. A dúvida leve se o dia amanhece ou esclarece."

    :~

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